quinta-feira, 5 de julho de 2012

são 22:25

...são 22:25. Penso que devo amar a brutalidade do dia, a parte bruta do cotidiano, aquilo que neguinho pensa que é a fantasia, mas não passa da amarga/fria realidade. Essa porção do dia é o negócio da poética é meu senhor? Eu tenho pra mim que é... Eu que disse "eu não tenho que nada!" - Eu tenho que amar. Eu - tenho- que- amar. Chupei essa manga. O psicanalista me perguntaria: e tem que amar a brutalidade do dia, sua porção mais bruta? Só entende quem sente, meu senhor. Não pense que digo isso quando digo isso. Eu tô dizendo é outra coisa. E o sexo é sagrado - espero que não seja estúpido em pensar que me refiro à procriação. O sexo é sagrado - isso é muita coisa, meu senhor. Lambeste um buraquinho da vida, lambeste? Já deixou que ela lhe esporrasse toda a cara alguma vez? Chupaste, em toda a sua existência, a vara de um morador de rua, chupaste? E a de um trabalhador maneta? E a auto-felação, praticaste? Alguma vez deitaste na cama como a parte interna da ostra sem o seu exoesqueleto, toda exposta, toda vulnerável, esperando o sal e o limão?Fiz nada disso por amor, eu fiz amando...